terça-feira, 11 de junho de 2013

LANÇAMENTO DE "MAROMBA"


É com alegria que publicamos essa notícia aos leitores do blog:
Será lançado no próximo dia 18 de junho o livro “Maromba”, primeira obra de Emir Bemerguy editada após a sua morte.  O evento  faz parte das comemorações do aniversário de Santarém  e acontece no hall do Sesc, a partir das 19h. O lançamento integra o projeto Sesc multiartes, que tem por objetivo valorizar a cultura local. A edição do livro tem o apoio da prefeitura municipal de Santarém, por meio da Secretaria Municipal de Cultura.
“Maromba” é a única obra de ficção escrita pelo poeta .  Bemerguy concluiu o livro em 1975 e assim definiu a própria obra: “Mais do que um inconsequente romance regionalista, esse livro representa uma espécie de depoimento romanceado”, escreveu o poeta na introdução. O título do livro descreve a construção típica da época de cheia nos rios amazônicos, quando a água invade a casa e é necessário levantar o assoalho. A maromba é feita tanto na casa, como no curral.  
Os 26 capítulos levarão o leitor a ingressar no universo amazônico, por meio da vida dos personagens fictícios Antônio Presidente e Maria Flor, casal de ribeirinhos proprietários da fazenda “Apuizeiro”, localizada na margem direita do rio Amazonas,  “abaixo do Paricatuba, no município de Santarém”.
Os acontecimentos da vida do casal, seus filhos, vaqueiros e vizinhos, durante a época da cheia do rio, são descritos pelo autor com a linguagem  própria do caboclo.  O boto, a cobra grande, as festas,  a medicina caseira e outras passagens típicas da vida das famílias de beira de rio, são contadas por Emir com conhecimento de quem foi um pesquisador apaixonado pelo tema. “Aqui se reúnem eventos isolados que pretendem apenas fornecer um painel do ramerrão amazônico”, diz o autor ao apresentar a obra. 
Emir Bemerguy deixou prontos para publicação cerca de vinte livros, que incluem toda a sua obra poética, com quase 700 poemas, memórias, diários, correspondências e crônicas. “Maromba” é o primeiro a ser lançado após a sua morte. Para a família, esse é um momento muito especial, pois o livro era um dos preferidos do poeta.
Serviço: Lançamento do livro “Maromba”, de Emir Bemerguy
Local: Hall do Sesc, na rua Floriano Peixoto.
Data e hora: Dia 18 de junho, a partir das 19h.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Feira Santarena


FEIRA SANTARENA

Estrofes compostas em métrica especial, a pedido de WILSON FONSECA, para serem adaptadas a uma velha melodia do folclore tapajônico.

Minha terra tem patchuli
Que perfuma o ar e a cunhantã.
Bolas sei fazer de cernambi.
E farinha? Só “Cucurunã”!

ESTRIBILHO
Eis aí por que te quero bem,
Flor do Tapajós, ó Santarém!

Temos açaí, maracujá,
Manga, muruci, abio, caju,
Ananás, mari, taperebá,
Ata, sapoti, cupuaçu.

O que vou dizer do pajurá,
Fruta boa que só existe aqui,
E da especial curimatã,
Peixe inda melhor que o tambaqui?

Ó gigante azul, meu Tapajós!
Amazonas, és fenomenal!
Cobra Grande vai boiar, feroz:
Ninguém deve ir lá no aningal.

Pra dar sorte, hein? Muiraquitã!
Eu já comprei um e tenho fé.
E se diz também que é talismã
Ver Uirapuru; não sei se é.

Boto grande eu vi matar de arpão,
Mas o principal soube depois:
Olho dele é bom, é sensação
Pra atrair mulher... Me arruma dois!

Se você estiver com bem calor,
Pode conseguir, pra se abanar,
Ventarolas mil, de toda cor!
Venha a Santarém, pois vai gostar!

Emir Bemerguy, 15/06/1967.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Quinze anos

  Poema feito por papai para nossa irmã Lourdinha, quando fez quinze anos.


QUINZE ANOS

À minha filha LOURDINHA.

Transpões, ó virgem, os umbrais secretos
Que conduzem ao mundo encantador
Regido pelos líricos decretos
Desse terno tirano que é o Amor.

Tivesse eu os brindes prediletos
Das criaturas nessa idade em flor
- O sonho lindo, os cândidos projetos –
Hoje os viria em tuas mãos depor.

Mas não dispondo desses dons sublimes,
Somente uns pobres versos te ofereço,
Com a mensagem do meu grande apreço.

Do coração no meigo olhar exprimes
Conhecer os direitos soberanos,
Na graça triunfal dos quinze anos!

15/10/1968.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Samba do Boa Vida

No Dia do Trabalho, um poema curioso feito por papai em 1968, e musicado por ele sobre este assunto:



SAMBA DO BOA VIDA

Música do autor

Não nasci para o tal de trabalho...
Que maldiga de mim, quem quiser!
Levo a sério três coisas na vida:
Futebol, Carnaval e Mulher!

Vagabundo me chamam, às vezes...
Não dou bola a essa gente porque
Tenho tudo o que amo e aprecio:
Futebol, Carnaval e... VOCÊ!


Emir Bemerguy, 18/07/1968.
 

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Triunfal Consagração


TRIUNFAL CONSAGRAÇÃO

Musicado pelo autor

De dois rios és namorada
Ó cidade idolatrada!
Todo mundo te quer bem!
Leva tempo muito longo
Se começa o mocorongo
A louvar-te, Santarém!
Porque tens tanta beleza,
Penso até que a Natureza
Tem predileção por ti.
Andei por outros recantos:
Fui olhar os seus encantos.
Ah! Se vissem os daqui!...

Qual morena sem vaidade,
Mas bonita de verdade,
Nos cabelos uma flor,
Cada vez que um ano passa
Tens mais vida, tens mais graça,
Santarém do meu amor!
Uma prece comovida
Fiz por ti, terra querida:
Supliquei a Deus Bondoso,
Com fervor no coração,
Triunfal consagração
Num porvir maravilhoso!

Emir Bemerguy, 07/06/1967.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Desenho centenário

  Desenho feito há mais de cem anos por um viajante desconhecido, onde aparecem o "Morro da Fortaleza" e outros detalhes do litoral santareno.


segunda-feira, 22 de abril de 2013

O naufrágio da lua



O NAUFRÁGIO DA LUA

À minha esposa, Berenice


BERENICE convoca-me à janela:
“Olha, meu bem, que encantador clarão!
A Lua cheia, intensamente bela,
Dará ao meu poeta inspiração!”

Contemplamos, mãos dadas, a aquarela
Que Deus pintou na célica amplidão.
Beijando-a ternamente, digo a ela
Algo que tenho bem no coração:

- É deslumbrante a cena, meu amor!
Em ti, no entanto, encontro mais fulgor
Que em toda a luz azul deste luar!

Dos teus olhinhos fito as profundezas,
Vendo a maior de todas as lindezas:
O naufrágio da Lua nesse olhar!...

Emir Bemerguy, 05/08/1974.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Cidadela de Bravos

Este poema foi composto em 1968, a pedido do vereador Clementino Lima, para ser a letra do futuro Hino de Santarém (naquela época, não havia ainda um hino oficial). Posteriormente, foi escolhido para hino a bela canção escrita por Paulo Rodrigues dos Santos e musicada pelo maestro Isoca. No dia 22/06/2012, o Dr. Vicente Fonseca musicou esta letra. após ler sua transcrição no blog "O Mocorongo", de Ércio Bemerguy, acrescentando mais uma às suas várias parcerias com papai.


CIDADELA DE BRAVOS


Cintilando aos clarões da alvorada,
Nas brilhantes manhãs da Amazônia,
És a “PÉROLA” imensa, engastada
Nesta azul vastidão tapajônia!

Santarém, cidadela de bravos!
Prometemos aqui todos nós
Defender-te de injúrias e agravos
Com o ardor dos viris Tapajós!

Força alguma jamais deterá
Teu progresso constante e febril
Que repleta de orgulho o Pará
E mais glórias concede ao Brasil!

As razões da grandeza presente
Tua História sublime contém.
Segue, pois, triunfal, para a frente,
Sob as bênçãos de Deus, Santarém!

Emir Bemerguy, 29/05/1968.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Serenata

Fazendo uma serenata doméstica em 1970 na residência de Braz Coimbra, com Machadinho e o Maestro Isoca.


sábado, 13 de abril de 2013

Autobiografia em versos



NASCIMENTO, MISÉRIAS E EPITÁFIO DO POETA MENOR


Eu tanto relutei em vir ao mundo
Que de mamãe fui extraído... a ferros!
Nasci roxo de raiva - furibundo!
Muito custando a desferir meus berros!

Com a intuição estranha dos poetas,
Briguei ao pôr a cara neste inferno:
Adivinhando as horas inquietas,
Queria a paz do útero materno!

Para soltar o choro revoltado
Que faz rir sempre a parentela aflita,
Apanhei tapas como um cão danado:
- “Agora, sim! O nenenzinho grita!...”

Feio como raríssimos pimpolhos
- Pés tortos, magricela, cabeçudo! -
Meus pais passaram por cem mil trambolhos:
Para eu ser gente, eles fizeram tudo!

Botas de ferro... Sebo de carneiro...
“Dom Amando”... “Colégio Nazaré”...
E ao doutorar-me no lugar primeiro,
Casei-me - ingratalhão! – e... dei no pé!

Hoje, aos quarenta e dois anos, pondero,
Olhando os rastros que deixei atrás,
Sobre o que fiz na vida - e sou sincero:
Esse balanço não me satisfaz!

Só realizo mínimas parcelas
Do Bem que tanto anseio praticar!
Desperdicei ocasiões tão belas
De mais um pouco me santificar!

Cônscio, porém, de tais limitações,
Prossigo a batalhar em campo aberto:
Um IDEAL motiva-me as ações
E me sustém nas trilhas do deserto:

Quando nasci, chorava eu, sozinho;
Todos sorriam, plenos de alegria.
Quero, meu Deus, que, ao termo do caminho,
Pranteiem todos e só eu sorria!

Desejo, então, como troféu final,
Merecer epitáfio como aquele:
- “Hoje no mundo existe menos mal
Porque Emir Bemerguy passou por ele!...”
 
Emir Bemerguy, 28/4/1975