terça-feira, 25 de dezembro de 2012

A lição do Natal



A LIÇÃO DO NATAL
À minha filha Telma Suely, inspirado em uma ocorrência real.

Notei, filhinha, que ficaste triste
Nesta manhã bonita de Natal:
Não recebeste aquilo que pediste...
Veio a amargura... É muito natural.
Sofro contigo, saibas; não estás sozinha.
Não mereces, porém, tamanho desencanto,
Maior, muito maior que a tua pessoinha.
Coloco o meu protesto no papel.
E vou agir: prometo-te, garanto
Quebrar a cara do Papai Noel!...

Achega-te ao meu colo.
Deixa que eu beije esse rostinho sério;
Com ternura e carícias, sei que te consolo.
Juro: também é minha a mágoa que te alcança.
Mas, que se há de fazer, pobre criança?
Papai Noel, Telminha, é como a nossa vida:
Tu brincas de sonhar...
Queres o amor, o céu, o vento, o mar...
Desejas algo apaixonadamente.
E ganhas outra coisa, muito diferente...
Peço, entretanto, a Deus que aprendas a lição.
É bom, é bom que a gente, aos poucos, se acostume,
Mesmo a chorar de raiva, angústia ou de ciúme,
A escutar do mundo esta palavra: “NÃO!”.

(Emir Bemerguy - Dia de Natal, 1970)

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