sábado, 24 de novembro de 2012

Luz que não se apaga

Mamãe perguntava de vez em quando para papai para quem eram os versos que ele fazia (as musas dos poetas sabem que sua inspiração vem delas, mas não custa nada perguntar...) Papai respondeu em um soneto:


LUZ QUE NÃO SE APAGA
(À minha Berenice)

Tens o costume de indagar, brincando,
Para quem são os versos que componho...
Mas transparece, disfarçado e brando,
Certo ciúme em teu olhar tristonho.

Por isso mesmo é que, de vez em quando,
Toda minh’alma num soneto eu ponho,
Para provar que ainda está brilhando
A velha estrela do meu lindo sonho.

Se procurares, acharás, dispersos,
Pedacinhos de ti em tantos versos,
Detalhes do teu porte singular.

Se for preciso repetir, repito,
E até a lua escutará meu grito:
- Hei de morrer, amor, a te adorar!

10/06/1968

Um comentário:

  1. Emir,obrigado por publicar essas jóias preciosas,que faz bem a alma e avida,sou leitor
    assíduo do "cantinho do Dr.Emir",abraço

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